O dia que acordei com um Sapo...

E lá se foram muitos e muitos anos de casados, muitas e muitas noites de amor, de carinho, de á atenção e súbito, numa determinada manhã olho para o lado e lá está, ele, aquele Sapão, estirado em nossa cama, de barriga estufada e olhando de olhos arregalados para o teto, como se o mundo não existisse ao seu lado ou, melhor, como se só e somente Ele, o enorme Sapão existisse. Meu primeiro impulso é de gritar; tenho pavor a sapos, mas "amarrada", paralisada pelo medo, sinto o grito percorrer todo o meu corpo e ficar grudado em cada cantinho dele: é impossível gritar; colocaram uma armadura de ferro por sobre o meu corpo e mesmo que me esforce, não consigo soltar o grito, ele está totalmente preso. Sinto que vou desfalecer: como tirar esse imenso Sapão da nossa cama? Meus lábios tremem de pavor, meus olhos derramam sangue ao invés de lágrimas; estou perdendo a visão, tudo se embaralha, fica turvo. Vejo-me perguntando e procurando pelo meu Príncipe: aonde foi? por que me abandonou? Por favor, não consigo soltar o grito! Alguém tire esse sapão do meu lado...Acordo, súbito. Olho para o lado, ainda trêmula: "Ufa fora apenas um sonho!". Lá deitado no seu lugar, está ele, o meu marido, mas a pergunta volta:"aonde está mesmo, o meu príncipe, de outrora?"

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