Relatando um pouquinho da minha vida.

Não há nada mais divertido do que se andar de ônibus, por opção. Possuo carro, entretanto por motivos de doença, não mais dirijo. Mas, como já diz o ditado: "chique não é dirigir e sim, ter chofer", então, sou chique: quando quero observar as pessoas e colher material para escrever minhas crônicas, pego um coletivo e, quando estou exausta, telefono para meu filho ou meu esposo e "vou de táxi", como diz uma certa música.

Bem, vamos ao que interessa: sou canguaretamense, nasci no município chamado Canguaretama/RN/Brasil, a terra do caranguejo, da carne de charque e da carne de bode e também, recentemente, do camarão, pois há viveiros por todo o mangue e lógico, matando os coitadinhos dos caranguejos. Mas ninguém ver isso, o que interessa não é a destruição do meio ambiente e sim, quanto lucro o município vai ter. Mudei-me para a capital Natal, com 11 anos de idade, passei exatos 2 meses e fui parar no bairro de Mesquita, Rio de Janeiro, com o objetivo de ser a cuidadora da minha avó materna, que era alcoólatra, fumante e infelizmente, irresponsável com seus deveres de avô. Lá morei por 1 ano e dois meses e estudei no Colégio Estadual Brasil. Voltei a Natal/RN/Brasil. Apaixonei-me por essa cidade, que é belíssima e faz jus ao apelido "Cidade do Sol". Aqui só temos duas estações: verão e inverno, mas como quase não chove, então só resta o verão e "tome sol!"

Estudei muiiitoo, mesmo! Consegui me formar em Técnica de Engenharia - Curso de Saneamento -, pela ETFRN, atual IFRN. Queria mais, aí casei. Como não considero casamento impedimento para nada, tentei Vestibular, Cursei Letras Licenciatura Plena em Língua Brasileira e Portuguesa, na UFRN e fiquei almejando fazer uma pós, a qual consegui começar, mas devido adoecer, tive de desistir...Depois eu tento de novo, afinal só tenho 53 aninhos, estou bem novinha ainda. Fui aprovada no Concurso Público Estadual e no Municipal. Optei pelo Estadual, pois já trabalhava na CAERN - Empresa de águas e esgotos do RN, como Técnica, porque seria mais fácil conseguir transferência de ambos para qualquer município do Estado, caso necessário.

Sou a terceira filha mais nova, de uma prole formada por onze, mais pai e mãe, igual a treze. Número de sorte para meus pais e para mim, pois somos uma grande família com todos os problemas que uma família tem: abraços, beijos, choro, brigas, mais abraços, mais confusões, mais perdões e tudo o que temos direito. Amo cada um dos meus irmãos, com suas diversidades ímpares e confesso, divirto-me muito tentando compreendê-los...como se isso fosse possível!

Meus pais já foram morar com São Pedro. Tenho certeza, que Papai está "fazendo a cabeça de São Pedro", porque ele tinha uma capacidade de argumentação impressionante, apesar de só ter cursado até a quarta série e também, porque ele era cabelereiro. Lembro-me que o primeiro discurso ou palestra que ouvi na minha infância, aos sete anos de idade, foi o do meu pai. Ele estava pregando na Igreja Batista Regular de Canguaretama, que era dirigida por um Missionário Americano...Não recordo o nome, agora. Só sei que eu estava brincando de pular a janela, que era bem baixinha, embora fosse enorme e recordo que parei, olhei para meu pai e pensei: "quando eu crescer, quero falar igual ao meu pai". Depois esqueci esse pensamento, até porque era gaga, não conseguia pronunciar as palavras direto e devido, as pessoas ficarem me imitando, eu me calava e ficava sonhando em falar igual as outras pessoas. Finalmente, aos 10 anos, a gagueira, simplesmente, desapareceu, restou apenas uma pequena dificuldade de pronunciar palavras com -pl e -bl. Devido isso, não optei pelo Ensino Infantil, com medo de prejudicar a dicção dos pequeninos. Como venço essa dificuldade: memorizei um grupo imenso de sinônimos e evito pronunciar palavras que tenham esse encontro consonantal. Prometo aos meus leitores: um dia crio coragem e vou procurar uma Fonoaudióloga, agora já posso pagar, ainda bem!
Pasmem: quando cresci, passei a dar palestras na minha igreja local, igual ao meu pai.

Quanto a minha mãe, ela deve estar brigando muito com São Pedro, pois pensem numa Paraibana brava! Ela não teve oportunidade de estudar, porque teve que trabalhar na agricultura com os pais, para poder ajudar a criar os irmãos, que eram muitos, também. Ao fugir da sua cidade para sair da vida dura que levava, encontrou-se com meu pai no trem e, imediatamente, foi "convencida" pelos argumentos dele a fugir para uma cidade maior, onde encontraria emprego com mais facilidade. Ele pagou a passagem dela e a levou para o Rio de Janeiro. Sentiu a necessidade de protegê-la sempre e então, casaram-se. Ela passou a Trabalhar como empregada doméstica e ele num salão de beleza. Ele a alfabetizou e ela passou a ler devagarinho e sempre e assim, realizou seu maior sonho: aprender a ler e escrever cartas para sua família.

Hoje, sou aposentada do Estado, função professora de língua portuguesa e continuo trabalhando na CAERN, até completar, se Deus permitir, meu tempo integral de serviço e poder "viajar muito por esse Brasil afora", o qual eu amo muito e defendo com "unhas e dentes", pois só pretendo conhecer outros países, quando conhecer pelo menos 50 % do meu próprio país. Penso, igualzinho ao escritor da minha terra natal Câmara Cascudo, folclorista, em primeiro lugar está a minha terra e daqui não saio, não sou igual a ex-presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso, que se não pensa, mas parece, gostar mais do exterior do que do seu Brasil.

E Chega, por hoje. Abraços para todos!






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