"Causos" da sala de aula, como diria o escritor Gutemberg, colega da CAERN/BRASIL

Chega de falar de coisas sérias. Vamos sorrir um pouquinho. Esse "causo" que relatarei, hoje, ofereço ao senhor Quirino, funcionário aposentado da CAERN, que desenvolvia suas funções no Recursos Humanos da Empresa e, do qual, eu gosto muito e foi a ele, que contei pela primeira vez essa estória.

Vamos lá!

Prestei concurso público da educação, esfera estadual. Fui aprovada e como havia um défice muito grande de professores de língua portuguesa no Estado, na década de 90, então fui convocada rapidinho. Na época, eu já era funcionária da CAERN (Empresa de águas e esgotos do RN) há dez.  anos. Vibrei: finalmente, iria "brincar com bonecos de carne e osso", como sempre sonhara, mas dessa vez, na rede pública; era o meu objetivo de vida profissional, como educadora, pois ao me formar decidira que não mais ensinaria em colégios particulares, pelos quais tenho o maior respeito, mas ainda os considero "uma máquina de ganhar dinheiro fácil". Mas, isso é assunto para outro momento.

Providencie todos os documentos necessários, visitei diversas escolas públicas, em busca de uma vaga, pois queria uma próxima da minha residência, com o objetivo de não chegar atrasada, o que detesto, em sala de aula. Foi uma verdadeira "maratona". Numa tentaram me convencer a lecionar língua inglesa, pois faltava professor. Eu expliquei que não podia assumir, porque minha formação acadêmica não abrangia língua estrangeira, adoro inglês, mas domino o básico e gosto de ler, não falar, já que sinto dificuldade de pronunciar. Noutra, queriam que eu assumisse ciência, porque havia uma vaga. Poderia assumir, pois por ter formação técnica em saneamento, estudei muitas disciplinas nessa área. Como a escola ficava bem pertinho da minha casa, iria caminhando e além disso, amo essa matéria me "balancei um pouco". Todavia, não aceitei. Eu tinha terminado Letras Licenciatura Plena Língua Brasileira e Portuguesa, portanto queria ensinar "português". Finalmente, encontrei a "minha escola", aquela pela qual me apaixonei assim que cruzei o portão, antes mesmo de me apresentar à diretora, hoje gestora. Ufa! Havia uma vaga. Assumi três turmas: quinta, sexta e sétima séries do antigo ensino fundamental, que estavam sem professor de português desde o início do ano letivo; já era o mês de agosto, portanto início do terceiro bimestre. Função: dar três bimestres em um. Era perfeito para mim: adoro desafios difíceis!

Era uma sexta-feira, assumi na segunda-feira, seguinte. Aproveitei o final de semana e pegue aprontar apostilas, referentes aos assuntos do primeiro e segundo bimestres, depois eu pensaria no em curso, o terceiro. deu certo.

Primeira semana de aula. Pensem numa professora feliz! Nasci para lecionar, antes de qualquer outra profissão, embora adore as funções que desempenho no meu outro trabalho.

Agora vai, calma vou contar o "causo".

Lá estava eu, com o quadro cheio de assunto. Esperei, como sempre, todos copiarem e certifiquei-me que realmente tinham copiado, olhando, aleatoriamente, os cadernos de cinco alunos; era meu método de ensino. Pasmem: em quase todos encontrei palavras que nem estavam no quadro e pior, outras que nem existiam. Nunca me desesperei. Conclusão: o nível era tão baixo, que eles não conseguiam nem copiar o que estava no quadro, corretamente. Deixa isso "prá" lá!

De repente: todo mundo se levanta de uma vez só e corre para as janelas. Levei um grande susto, estava começando a explicar o assunto. Lógico, também, fui olhar pela janela, afinal era de noite, havia um poste que iluminava a lateral da sala e digamos, que era uma área isolada, cheia de mato, inclusive.

Escorados na parede do muro, estava um casal de alunos, iluminados, ligeiramente, pela luz do poste. O que estavam fazendo era, realmente, muiiito mais interessante do que uma "droga" de aula de português, até eu, se fosse aluno, também "correria para a janela"; transavam despreocupadamente no sereno da noite, sob  luz do poste e não estavam nem aí para a platéia.

Nem preciso dizer, que a aula acabou: de vez em quando, os professores também, merecem assistir filmes "educativos" grátis!

E ponto.






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