Pedido de impeachment terá repercussão negativa’

Publicação: 2015-12-03 00:00:00 | Fonte:www.tribunadonorte,combr

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São Paulo (AE) - Após o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ter aceitado ontem um pedido de abertura de processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, a primeira reação do mercado financeiro, no pregão de hoje deverá ser negativa, prevê o economista Bruno Lavieri, da 4E Consultoria. "O deferimento eleva a incerteza porque não se sabe quanto tempo vai durar o processo, o que levará a um cenário de uma falta de governança", explicou Lavieri.
Alex RegisMaílson da Nóbrega: Impeachment é igual bomba atômica. É pra você ter, mas não para você usarMaílson da Nóbrega: Impeachment é igual bomba atômica. É pra você ter, mas não para você usar

Por outro lado, continua o economista, se o processo resultar na saída de Dilma, o mercado deverá reagir de forma positiva. "Isto porque o Michel Temer (vice-presidente, que assumiria o cargo em caso de impeachment) sinaliza que não tem a intenção de disputar uma reeleição em 2018. Essa sinalização facilita trazer a oposição para o lado dele e, desta forma, ele teria uma bancada maior para aprovar o ajuste fiscal", afirmou.

Sem a intenção de se reeleger, Temer também teria mais disposição política para implementar medidas impopulares, como o aumento de tributos e o corte de despesas, acrescentou Lavieri. Além disso, afirmou o economista, o PMDB, partido de Temer e de Cunha, tem uma postura um pouco mais ortodoxa no aspecto econômico, mais alinhada com o ajuste fiscal. O pedido para processo de impeachment deferido por Cunha foi elaborado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaina Paschoal.

Para o diretor-presidente do Insper, Marcos Lisboa, e o ex-ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, é necessário respeitar as decisões democráticas. Ambos repudiaram a tese do impeachment da presidente Dilma Rousseff. "Tem uma frase do Fernando Henrique Cardoso que gosto de repetir: impeachment é igual bomba atômica. É pra você ter, mas não para você usar", citou o ex-ministro da Fazenda. 

Para ele, o Brasil atingiu um grau de maturidade que não pode gerar um retrocesso devido a uma "escolha errada", em referência à reeleição da presidente Dilma. José Luís Oreiro, economista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), avalia que esta crise é uma oportunidade de pensar em uma reforma do sistema político. "Por isso, acredito que é necessário pensar na possibilidade de um modelo parlamentarista", sugeriu. "Se o governo está paralisado, você derruba o gabinete e faz o necessário para garantir solução da crise política, respeitando as instituições democráticas", afirmou.

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