Abrindo o Coração!

Permitam-me abrir meu coração só um pouquinho. Faz parte, "né", de uma vida estressada, angustiada e muitas das vezes desvalorizada: não só por nós mesmos, mas também por aqueles aos quais amamos e que nos magoam, fere-nos mesmo sem querer; foi isso que aconteceu comigo ontem: tenho convicção que Ele não queria me magoar, mas, infelizmente, me destruiu e muito, tanto que não sei como consegui conter as lágrimas.Contudo, sempre fui uma garota, uma adolescente, uma jovem e hoje uma senhora forte, diria forte demais, além da conta...
Sabe, quando você cria uma expectativa super-positiva, esplêndida, maravilhosa para um determinado momento da sua vida e num segundo,apenas um segundo depois; "tudo cai por água abaixo". Foi assim que me senti ontem: incapaz de acreditar no que estava acontecendo comigo!
Como tenho TAB (Transtorno Afetivo Bipolar), qualquer mudança brusca de planos, leva-me à mudanças de humor, isto é; posso mudar da fase intermediária ou eufórica para a depressiva em questão de minutos, por isso tive medo ontem, pois passei parte da noite sem pregar os olhos.
Entretanto, eu precisava encontrar um motivo para sorrir, nem que fosse de mim mesma. Fiquei horas pensando se o que eu fizera, tinha sido culpa só minha, por que só eu devia sofrer as consequências? Foi quando resolvi vasculhar o meu passado. Já que tinha escrito sobre ser a primeira namorada de alguém, então agora, escreveria como ocorreu meu primeiro namoro. Fiquei um tempão relembrando para colocar as ideias no papel, comecei então a me acalmar e quando percebi já estava sorrindo para mim mesma ou seria de mim?
Assim aconteceu: Eu tinha quinze anos e completaria 16, no dia 05 de janeiro, logo na entrada do ano. Não sou uma mulher bonita. Digo: aquela que chama a atenção quando passa. Só é possível perceber minha presença se e somente se, olhar para todos os lados, pois sempre me acostumei a manter uma certa distância de aglomerações: detesto ficar em meio a tumultos!Também, sou muito discreta, a não ser quando estou em crise, ou seja; na fase eufórica. Nessa fase, costumo "falar pelos cotovelos", o que detesto, pois prefiro escutar e falar só nas ocasiões adequadas. Como nessa época, eu ainda não sofria de TAB,era uma adolescente,quase jovem muito calada, no "meu quadrado", só observando as pessoas de longe: tenho mania de ficar analisando os rostos das pessoas como para descobrir em que estão pensando. E lá, estava eu no Culto Evangélico da virada do ano, quando um rapaz ao qual nunca tinha visto na igreja, assim na faixa de seus 20 anos, aproximou-se de mim, começou a puxar conversa e eu já estava me aborrecendo, pois não admitia conversas paralelas no momento do Culto. Nessa época, já era professora da turma de juniores ( 9 à 11 anos) e tinha que dar exemplo. Já deu para perceber que ele ficou falando sozinho, o máximo que eu fazia era balançar a cabeça, quando concordava com algo.
O novo ano rompeu, as pessoas se abraçavam e eu, que não me identificava muito com essas manifestações de carinho, fui logo para fora do Templo. Não deu 5 minutos o "carinha" estava do meu lado. Puxou conversa e foi logo direto: quer namorar comigo, você é tudo que eu estava procurando! Olhei espantada para ele e disse: você nem me conhece e quer namorar comigo, por quê?
Não sei, apenas olhei para você e senti algo maravilhoso! Eu, já me questionava, intimamente: esse homem deve ser maluco! Mas, não era. O pastor, aproximou-se da gente e foi logo apresentado-o oficialmente: ele se chama "fulano", é da cidade de Caicó, um crente fiel e meu amigo íntimo.Que bom que se deram bem! Afastou-se e eu senti que ele estava "empurrando" o rapaz nos meus braços. O pior é que eu sempre tive a maior consideração por esse Pastor (o qual realizou meu casamento anos depois, mas com outra pessoa). Súbito, tomei a decisão: aceito namorar com você. O carinha quase caiu de costas. Então foi logo pegando as minhas mãos e beijo-as. Considerei um bom começo. Vale salientar que eu nunca tinha beijado ninguém e na minha inocência, sempre me perguntava: como seria beijar? E o nariz, será que atrapalhava?
Resumindo: nessa noite eu dei meu primeiro beijo e foi mágico; era como se já tivesse beijado milhões de vezes; descobri que o nariz não atrapalhava em nada (risos). Entretanto, a reação, do agora, meu primeiro namorado foi esplêndida: minha querida, aonde você estava escondida todo esse tempo? Meu Deus do céu, você beija divinamente! Nem preciso dizer que eu já estava mais do que corada de vergonha. E pensando assim nas lembranças do passado, voltei a sorrir e adormeci.

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