'" Inconsciente pode ser comparado a um baú"

Fonte: O mundo secreto do cérebro Extra - ano 1, número 2-2016 (textos de Karina Alonso, Natália Negrettie eVitor Manfio).

"Entender o que acontece na nossa mente,enquanto fazemos escolhas e tomamos atitudes sem percebermos, faz parte dos questionamentos de cientistas há muitos anos."
"Afinal o que é inconsciente? Segundo a psicóloga clínica Carolina Careta, "é um arquivo de processos mentais vivenciados desde o período intrauteriano, quando já existem sensações. É tudo aquilo que recebemos por meio dos sentidos, mas de que não estamos conscientes agora". O mecanismo funciona baseado em aspectos relacionados com a cultura e as crenças, na forma de registros coletivos, e pode ser comparado a um baú. Nele, ficam guardadas informações que podem ser acessadas em uma ação involuntária. O neurologista Fábio Sawada Shiba explica que "a tomada de decisão no cérebro ocorre antes que ela tome forma consciente, ou seja, uma parte muito pequena da atividade mental pode se dizer totalmente racional".
"A escolha não é sua! A maneira como o mecanismo pode interferir na rotina depende da história de vida de cada um, de suas experiências pessoais ou coletivas. Segundo Carolina Careta, uma situação comum é o momento em que a pessoa escolhe um (a) parceiro (a). "O homem procura inconscientemente uma mãe na parceira, ou a mulher um pai no parceiro, podendo futuramente prejudicar a vida afetiva e sexual do casal", explica."
"Alvo de pesquisas. Recentemente, o psiquiatra Eric Kandel liderou um experimento que resultou no Prêmio Nobel de Medicina em 2000 e mostrou que o inconsciente pode ser um ampliador das emoções. No estudo, os voluntários deveriam preencher questionários, para avaliar os níveis de ansiedade. Em seguida, os cérebros eram monitorados, enquanto cada pessoa, em duas sessões, via uma série de figuras de rostos com expressões de medo. Na primeira, as imagens eram passadas lentamente, para que pudessem analisar os detalhes. Na segunda, eram reproduzidas rapidamente, impossibilitando que eles as identificassem. Assim, os cientistas poderiam provocar emoções de forma consciente ou não.
Durante a exibição rápida das fotos, o inconsciente era estimulado, aumentando a atividade da região do cérebro ligada às sensações de medo. Nas imagens lentas, porém, como cada pessoa poderia interpretá-las, não havia a estimulação dessa área. Quanto maior a ansiedade da pessoa, maior era a diferença entre as interpretações da mesma figura. O estudo comprovou neurocientificamente que a interpretação inconsciente de situações negativas pode ser a causa de muitas dores humanas."

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